E então, resolvi sair de casa pra tentar ver alguma coisa a não ser a vida passar pela minha janela.
Peguei meu patins e fui sozinho até o Ibirapuera.
Foi um dia horrivel pelo fato de não ter acontecido absolutamente nada até 16h.
Por não ter conseguido ter um diálogo decente com ninguém.
Enfim, não vou contar detalhes.
Na ida, enquanto estava no ponto de ônibus, um bêbado se aproximou e começou a falar comigo:
- E aí, tudo bem?
- Tudo.
Ele ficou me olhando por uns 3 segundos. Estava na rua, perto do meio-fio e um ônibus estava se aproximando.
- Sai daí, cara! Tu vai ser atropelado! - Eu disse.
Ele veio para o meu lado e olhou espantado pra mim:
- Você é meu amigo. Só por você ter me falado isso, eu sei que você é meu amigo.
- Aham.
- Mas é sério.. eu sinto isso! - Ele senta no chão e encosta em um poste e continua me olhando. - Você está assim, porque ainda não foi menosprezado! Minha vida é uma merda! S´´o tenho essa roupa aqui porque o cara do posto ali da esquina me deu... Eu tô na merda... Eu tomei uma cachacinha ali agora e é isso que tá me segurando de pé ainda, entende?
Falou mais alguma coisa que eu não entendi até que se levantou e concluiu:
- Mas... eu sei que você é um amigo meu... você teria um realzinho aí pra me dar?
Pois é.
Rumei pro Ibira e fiquei 2 horas patinando.
Lá, passei por um cara que eu nunca vi na vida, ele também estava de patins, me cumprimentou.
Passei por um carro de polícia onde, do lado de fora, haviam 4 políciais e uma mendiga que reclamava que estava entando se suicidar do lago, quando vieram duas pessoas e a impediram.
Vi um cachorro sendo atacado por cisnes.
Na volta pra casa, peguei um ônibus lotado e agora estou aqui.
26 de junho de 2007
Continuação do dia 26 de junho
Relatado por Marcio às 8:15 PM 5 comentários
21 de junho de 2007
O Tempo é inmigo da Convivência
Eu estudei em cinco escolas diferentes ao longo da minha infância e adolescência.
Isso fez com que eu conhecesse muita gente. Eu tentei lembrar quantos alunos haviam em cada sala em todos os anos e somar todos mundo, claro sem repitir as pessoas.. e desisti quando perdia conta e vi que já tava passando dos 150.
É, isso mesmo.
Enfim, o engraçado é que se eu pegar uma foto das turmas, eu lembro de todos os nomes. Lembo de todo mundo.
Em cada escola eu fiz um "melhor amigo".
Hoje em dia, eu não falo com praticamente mais ninguém.
Seria isso normal?
Tinha também amizades fora da escola, claro... mas também tiveram o mesmo destino: Se perderam no tempo.
Hoje eu tenho amigos dos quais eu acho que não podia ter melhor.
Mas houve uma época na minha vida que eu não tinha ninguém. Tinha a Rachel, claro... mas em questão de amizades, eu estava zerado e sentindo muito por isso.
Um dia, vendo que ao meu redor só tinha gente retardada e mal-intensionada, resolvi sair pra procurar quem eu gostaria de ver de novo. Procurei o pessoal da escola, os que não eram da escola, todos os que eu um dia tive algum momento feliz e marcante.
Demorou um pouco e o resultado não foi muito agradável.
Eu ficava imaginando como estariam hoje e o que estariam fazendo.
O que vi, foram pessoas completamente diferentes do que eu tinha na memória.. alguns até insuportáveis. Foi estranho.
Antes eram todos iguais. Os mesmo gostos, habitos... enfim.
Não foram todos, claro... mas a grande maioria aconteceu isso.
Onde quero chegar é: Será que se houvesse uma convivência diária com tais pessoas, hoje seria diferente?
Digo, será mesmo que se você andar sempre com alguém, ela acaba "transformando" você inconscientemente?
Fico imaginando se ia haver alguma diferença na personalidade de meus antios amigos perdidos de infância - que hoje em dia eu reencontrei, mas que não tinha mais nada a ver comigo - se eu nunca os tivesse deixado sumir no tempo.
Fico imaginando se hoje ainda seriamos parecidos.
Relatado por Marcio às 1:33 AM 2 comentários
5 de junho de 2007
Causos de quinta série
Quando eu tinha dez anos entrei na quinta série tendo pela primeira vez uma expreciência em uma escola particular.
Eu não podia mais chamar as professoras de "tia" porque - segundo os novos professores - isso era coisa de criança. Nós da quinta série não éramos mais crianças.
Eu era um bom aluno. Pelo menos até a quarta série.
Realmente foi um baque e tanto sair das matérias simples de Matemática, Português, Ciências, Estudos Sociais, Educação Física e Educação Artística - para uma lista de coisas absurdas para uma criança de 10 anos que nunca viu essas coisas na vida:
- Matemática
- Gramática
- História
- Geografia
- Biologia
- Redação
- Inglês
- Francês (!?)
- Processamento de Dados (!?)
- Elotrotécnica (!?)
- Educação Artística
- Artes
- Música
- Educação Física
Nunca tinha tido tantos professores em toda a minha vida.
Minhas notas despencaram vertiginosamente e meu comportamento também... eram só 12 alunos na sala de aula. Isso mesmo, 12 - E isso ajudou para que todos se dessem bem com todos, já que eram poucos, e que isso desencadeasse
a todos serem colegas o bastante pra tornar a classe uma verdadeira baderna.
O causo aconteceu em um dia de chuva. Durante o intervalo ficamos no pátio da escola correndo e gritando como sempre até percermos que podiamos fazer isso dentro da classe, já que estava chovendo e ninguém reclamaria.
Começamos então a brincar de pega-pega na classe em meio as carteiras. O fato é que por estar chovendo, o piso de madeira da sala ficou enxarcado e escorregadio devido os nossos tênis molhados.
Não demorou muito pra eu escorregar.
Instantes antes da minha visão ficar branca e tonta por alguns segundos, vi a quina pontiaguda da carteira vindo na direção do meu rosto.
Um buraco foi aberto a uns 3 centímetros abaixo do meu olho.
Sangue, muito sangue.
Desnorteado e sem entender nada do que estava acontecendo, alguém fez um curativo em mim e de repente me vi sentado na cadeira da diretora da escola. Minha mãe foi chamada e me levou pra casa.
Não levei nenhum ponto... mas a cicatriz está comigo até hoje... está quase sumindo.
Os doze alunos e a professora de francês.
Relatado por Marcio às 11:14 AM 7 comentários