Eu lembro pouca coisa da minha infância. Acho que isso é normal. Com o passar do tempo, você esquece algumas coisas... a memória não é infinita.
Lembro apenas de fatos que ficaram na minha mente devido alguma ocasião especial.
Lembro de algum dia de fevereiro de 1995, quando eu tava na sala assistindo Power Rangers e vejo meus pais passarem pela janela chegando com alguma coisa na mão. Era uma caixa de sapato com un furinhos.
Era o Fox.
Eu tinha pedido um cachorrinho na época. Mas não imaginava que eles iam me dar um de verdade.
Eles entraram, meu pai tirou aquela coisa minuscula de dois meses de dentro da caixa e colocou no chão e ele veio correndo pra cima de mim... que corri gritando de medo (eu tinha 8 anos) e pulei pra cima do sofá. Hehe...
Eu acho que nessa época não dá pra imaginar a quantidade de tempo que um cachorro vai ficar com você. Nem passava pela minha cabeça.
Por 13 anos e meio eu e o Fox passamos por diversas coisas. Boas e ruins. Não vou listar aqui e nem comentar. Só posso dizer que ele teve uma boa vida e experiência até demais.
Ele ficou cego de um olho uns anos atrás por causa de um acidente. E a outra visão, nesses últimos tempos, já estava começando a escurecer também. Nas duas últimas semanas ele começou a ficar doente. Aos poucos seu xixi começou a ficar mais escuro... até alcançar quase totalmente a cor de sangue.
"Mas porque você não levou no vet?" - Dificil essa pergunta. Eu gostava muito do Fox. Eu amava esse cachorro. Mas eu sabia que ele já estava no fim da linha. Levá-lo ao vet só ia atrasar o que já estava certo... e íamos gastar dinheiro à toa. Infelizmente.
Na noite de segunda, eu cheguei e fui ver como ele tava. Ele tava tremendo, respirando forte e com os olhos muito abertos. Tentei fazer um carinho nele, mas ele evitava. Tava encolhido dentro da casinha e não saía de lá pra nada. Estávamos indo dormir, e eu falei pra minha mãe pra me acordar de manhã pra vê-lo (porque eu sabia que ela não ia aguentar ver) e disse que provavelmente ele não ia passar daquela noite.
No dia seguinte ela me acordou, eu fui vê-lo e ele estava morto.
Fox se foi com 13 anos e meio de idade. Sem exageros, era o cachorro mais inteligente que já vi. Quem o conheceu sabe que eu não estou exagerando.
Eu não fiquei tão triste quanto um dia imaginei ficar. Estranho. Mas acho que foi porque já era uma coia certa de se acontecer. Não foi de repente...
A rotina aqui em casa mudou bastante. O interfone não é mais seguido de latidos, eu não tenho que fechar as portas do quarto quando sair (pois ele tentava abrir o portãozinho da área pra fugir e fazzer cocô nos quartos sempre), não tenho mais que checar os potes de água e ração... não tenho mais companhia em casa quando estou sozinho.
As coisas ainda estão estranhas. Vou me acostumar. Estou bem... a parte pior já passou, que foi o primeiro dia - embrulhá-lo e colocá-lo em uma caixa.
Vou sentir muita falta dele. E nenhum outro vai substituí-lo. O Fox era único entre os cachorros. E eu não vou esquecer dele nunca.
17 de julho de 2008
Adeus, meu velho.
Relatado por Marcio às 12:05 PM 1 comentários