30 de abril de 2009

Cheynes de Distância

Dado importante para compreensão do seguinte post:
Em minha época de Ensino Médio, quando eu passava o dia desenhando e jogando rpg na sala de aula, junto com meus amigos criamos uma série de piadas e brincadeiras internas – tipo aquelas que só nós achamos engraçado, e uma pessoa de fora fica olhando pra sua cara com cara de interrogação.

Uma delas era envolvia a parede a nossa direita que continha várias frases das quais relatavam feitos incríveis que nós realizávamos, era como um mural das conquistas. Nunca esqueço do dia em que meu nome foi para A Parede com os dizeres “Hoje o Marcio zerou o Snake 2” – foi o dia em que peguei o celular de um amigo, e comecei a jogar o jogo da cobrinha até perceber que estava indo tão bem, que a cobra já estava começando a preencher a tela inteira. Logo, uma multidão de pessoas desocupadas começou a vibrar junto com cada pontinho comido, até acontecer uma explosão de euforia quando todos viram que não tinha mais lugar para ir. Eu fechei o Snake 2 e tenho orgulho disso.

Mas o fato importante para a compreensão do post não é esse. E sim o fato de que criamos (sem um propósito exato) uma unidade de medida para distância: Cheynes de Distância.
Cheyne era o nome de um de meus melhores amigos da época do Ensino Médio, e também um dos únicos dessa época que ainda mantenho contato! (Aê, Cheyne! :D)

Não há uma escala exata de comparação entre Cheynes de Distância e Metros – aí a graça – então para este post eu vou adotar como sendo a “envergadura” da Eorlingas, a distância de guidão à guidão.

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Quando saio do escritório e vou para o Aristóteles às 18h, arrisco minha vida atravessando Santos na hora do rush.
Santos é uma cidade pequenina, mas tem uma frota de veículos assustadoramente desproporcional, quando chega essa hora tarde é um caos generalizado quando todas as principais Vias Arteriais (aprendi esse nome no curso, há!) estão entupidas de pessoas em seus veículos querendo chegar em suas casas.

Quem sofre mais com isso são os ciclistas, ou pelo menos... eu.
Ok. Há ciclovias em Santos, mas isso não quer dizer que o caos do transito também não se aplica a elas.
E uma coisa muito importante: quem criou as ciclovias de Santos não anda de bicicleta, ou as odeia. Vou falar de algumas em especial:

A ciclovia da avenida Afonso Pena – Essa é praticamente nova. Antigamente era apenas uma linha pontilhada na calçada central da avenida indicando que os ciclistas deveriam pedalar por ali do que arriscar a vida na avenida (se bem que não era tão menos perigoso assim).
Hoje em dia ela está muito bonitinha, asfaltada, sinalizada, com semáforos... maravilha, exceto pelo fato de que ela só tem um Cheyne de Distância.
Sim. Essa ciclovia possui as faixas de ida e volta separadas uma da outra e cada uma delas possui apenas um Cheyne de Distância, ou seja... não existem ultrapassagens. E se você arriscar ultrapassar alguém corre o risco de cair na avenida (já vi isso acontecer na minha frente e comigo mesmo, alias) e ser atropelado por um ônibus. [/trágico]

A ciclovia da praia – Ahh... a ciclovia da praia. Lugar por onde passo todos os dias.
Essa, sem dúvidas, é a mais caótica de todas. Ela liga Santos a São Vicente e com isso, às 18h ela vira palco para os mais variados tipos de acontecimentos bizarros.
Muita gente. Principalmente indo em direção a esta cidade vizinha que desgosto tanto.

Anarquia. Não há regras nessa ciclovia. As pessoas fazem o que querem e não tenha dúvidas que isso envolve situações de risco.
As duas faixas de ida e volta são juntas, divididas apenas por uma linha central. Esse espaço mede em média um pouco menos de 3 Cheynes de Distância. Não cabem três Eorlingas, mas isso não significa que as pessoas aceitam isso. Então volta e meia você se vê feliz pedalando e se desespera quando vê dois pedreiros conversando lado a lado vindo no sentido contrário em alta velocidade... daí você dá sua vida para desviar deles, bate no meio-fio se desequilibra, cai e é atropelado pela bicicleta de trás que acaba criando um efeito dominó. Rachel que o diga.

Mas na realidade, é um lugar divertido. Isso porque você tem uma vista legal e também porque você passa por trechos interessantes da orla de Santos... isso sem falar que acaba presenciando coisas muito engraçadas. Acontece de tudo.
Mas o mais legal são os mascotes. Os queridos mascotes da ciclovia da praia... nossos companheiros animais de todos os dias:


Estas queridas ratazanas são a grande diversão! Uma delas uma vez me acompanhou por quase 10 metros, foi engraçadão. E, claro, é inevitável que ás vezes você acaba atropelando uma... MAS... faz parte.


Então acho que é isso. Vou inaugurar hoje o Saldo do Dia. Um pequeno resumo de coisas que acabam acontecendo comigo durante o dia.

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Saldo do dia:

Vezes que quase morri: 1
Ratos: 2
Acidentes alheios no caminho avistados: 1
Cachorros no posto-2: 4
Acontecimentos bizarros na ciclovia: 4

Trecho de conversa incompleto ouvido: “(...)mas filho, você não é o superman!”